Apenas pela premissa dá pra perceber que o filme é extremamente patriótico. Isso é um pouco decepcionante ao falar do diretor, que costuma apresentar as histórias de um modo imparcial. Aqui não existe nenhum momento que a guerra é criticada com clareza, e os americanos têm sempre a figura de um herói, enquanto os iraquianos são sempre os vilões. Como recurso do roteiro é um trabalho notável, pois o público consegue criar uma identificação com os personagens principais. Porém tratando-se de uma história real é uma manobra muito arriscada, pois muitas pessoas interpretarão a Guerra do Iraque como válida e apoiará os EUA. Esse é o principal fator que impede o filme de ser histórico: a política. O roteiro, aliás, descontando o patriotismo é fantástico. Consegue apresentar a história do protagonista sem enrolar muito e cria uma imagem heroica na qual o espectador se agarra rapidamente. Além disso, debate um tema constante na Guerra: o abalo psicológico dos soldados. O roteiro consegue apresentar isso numa forma muito clara, nas tomamadas de decisões e nas mudanças de comportamento que os personagens apresentam. É um tema que já foi mostrado em clássicos como "Apocalypse Now", mas é bem adaptado aos dias atuais.
A direção de Clint Eastwood é notável. As transições que ele usa de uma cena para a outra, o contraste de cores são artifícios muito usados pelo diretor. Além disso, Clint é um diretor muito detalhista e enfoca em alguns elementos interessantes. Existem duas cenas que o diretor foca em terroristas usando roupas de marcas americanas como "Nike" e "Adidas". Isso é um crítica implícita, e mostra como a guerra é mais comercial do que qualquer outra coisa. Clint porém, não se apresenta como aquele diretor notável devido a grande propaganda política que o filme é, mesmo mostrando-se um excelente diretor de cenas dramáticas (possivelmente o melhor da atualidade nesse quesito). A história de Chris Kyle com certeza é fantástica, mas o modo como foi passada para as telonas é americanizado demais. É até compreensível, afinal trata-se um filme americano sobre um herói americano, mas tratando-se de Clint Eastwood esperava-se algo mais.
Bradley Cooper é a grande surpresa do filme. Apesar de ter se mostrado um bom escolhedor de trabalhos nos últimos anos, sendo indicado a 3 Oscars seguidos, é aqui que Cooper faz valer suas indicações. O ator carrega o filme inteiro nas costas e sua atuação é fantástica. Ele capta o espírito caubói do personagem, usando de cacuetes da região, além de fazer um sotaque diferente. Fisicamente, Cooper se preparou bem e durante o filme convence como um militar de elite. Mas, onde o ator realmente surpreende são nos conflitos psicológicos, onde o ator consegue passar muita emoção. É perceptível como Bradley Cooper se entregou ao papel e realmente encarnou Chris Kyle. O elenco de suporte também está muito bem, mas o destaque sem dúvidas é Bradley Cooper.Trata-se de um excelente filme de guerra, com um personagem bem apresentado e interpretado. O grande problema do longa é a política por trás dele.
Nota:
- Demolidor
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