domingo, 2 de novembro de 2014

Crítica de "Boyhood - Da Infância à Juventude"

Duas horas e quarenta minutos resumem doze anos da vida de um menino. O diretor Richard Linklater começou este projeto em 2002. Filmando uma semana por ano, Linklater conseguiu mostrar de forma simples a personalidade de um menino comum sendo formada. Com certeza, algo nunca antes visto no cinema.
O roteiro é simples e não apela para o melodrama, algo que seria muito comum. Mesmo com momentos dramáticos, são cenas rápidas. Afinal, esses momentos acontecem na vida de todos. Mas sempre acabam passando. A simplicidade do roteiro é um dos maiores méritos do filme. Sem apelar para diálogos expositivos, o texto convence inacreditavelmente. Mas isso também se dá pelas atuações.
Mason, o protagonista, é interpretado por Ellar Coltrane. Sua performance é muito natural, principalmente por atuar como si mesmo. É muito interessante e até tocante a forma como o menino vai crescendo e como vai descobrindo a vida. É uma das sutilezas que essa obra consegue transmitir excepcionalmente. Além da vida de Mason, o filme, como consequência, mostra as histórias dos personagens relacionados. Principalmente da mãe, do pai e da irmã. Patricia Arquette atua como a mãe no longa. A maneira como ela transmite o crescimento da personagem - de uma mãe solteira muito jovem e cheia de problemas para uma professora de respeito na faculdade - é impecável. Outro ator que está excelente é Ethan Hawke, o pai de Mason. Os diálogos entre pai e filho são muito naturais. "Qual Beatle é o melhor?",  "Vão fazer outro Guerra nas Estrelas?" e por aí vai. Seu personagem é outro que cresce bastante durante a história.
A direção de Linklater é muito boa também. Primeiro, é preciso ressaltar a coragem e a paciência por realizar tal projeto, inédito na história do cinema. O longa possui alguns planos-sequência lindos. Alguns que são até repetidos como técnica narrativa. Richard cria uma mensagem visual muito bonita durante o longa. A escolha da trilha sonora é outro ponto alto do filme. Além de músicas memoráveis e emocionantes, elas ajudam a situar o espectador no tempo. Um exemplo disso é o filme começar com "Yellow" do Coldplay, nos mostrando que estamos em 2002.
"Boyhood" é um filme sem igual. É impossível não se identificar com pelo menos um momento da vida de Mason. Devido a esse motivo, à inovação como obra cinematográfica, aos detalhes de direção e à simplicidade do roteiro, "Boyhood" é um filme memorável. Um dos melhores (se não o melhor) do ano.

Nota:





- Bilbo




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